quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Abro os olhos. Tudo escuro, escuríssimo. Algo em meu interior me diz  “levante-se e comece a procurar por algo que te ajude”. Não conhecia essa voz tão determinada dentro de mim, mas resolvi escutá-la. Levantei-me. Andei me apoiando por quatro paredes, tateando de cima a baixo,  não encontro porta alguma, muito menos janelas!
E nessa afobação, reparando que meu coração bate mais forte, escuto que, mais forte ainda, bate o tic-tac do relógio. Relógio que calcula o tempo que se escorre do lado de fora, tic-tac, tic-tac.
Na ausência da claridade, não encontro nada, me apego ao tumulto de pensamentos internos, não à desordem externa, não aos ponteiros do relógio, que insistem nesse tic-tac irritante, útil só para nos dominar e limitar.
Passo a respirar. Não apenas inspirar e expirar de modo apressado, "pré-ocupado". E o tempo que se esvai já não importa mais, adormeço, ainda de olhos abertos.
Vejo pessoas nuas, andam por uma dimensão paralela como de fato são, se estão tristes, assim aparentam estar, se estão felizes, assim aparentam estar também. Mostram o que sentem, são verdadeiras. E de tão verdadeiras que são, são também livres, e de tão livres que são, voam.
Fico com os pé no chão a observar isso, ouso um passo a frente e caio. Passo a estar numa avenida, onde armas marcham sozinhas, orgulhosas como se formassem o mais belo pelotão. E de repente, escuta-se uma voz dizendo “uma vez em Paris, tomarei o poder!”. Engatilhando o mesmo susto que me perguntava se eu estava de fato em Paris, as armas começaram a atirar, dizendo cumprir sua função de proteger a sociedade. Das armas saiam gotas de tinta colorida, dos estampidos saiam música. As armas continuavam a atirar dizendo fazer o útil, dizendo que a sociedade devia fazer o belo, dizendo que a arte salvava as pessoas...Nesse caos delicioso, um tiro me acertou, um desmaio me acolheu.
Quando volto a mim, estou numa imensa floresta: árvores gigantes são prédios, nos troncos habitam milhares de janelinhas, os galhos funcionam como pontes, a copa como um verdadeiro parque de diversões. Tudo que ali está é puro como o amor.  Num piscar de olhos vejo cactos funcionando como fábricas “fumacentas” em que seus espinhos funcionam como chaminés de onde brotam nuvens, de onde brotam frases bonitas, de onde brotam mais encantos ao céu.
Resolvo caminhar e me deparo com lojas. Nelas se “doam” amor, paz, tranqüilidade, desapego, fé, cumplicidade, infância, leveza...Todas as coisas boas que faltam de onde vim.
Vejo uma borboleta a voar carregando com ela toda a liberdade e leveza que almejo. Me lembro de uma música: “borboleta parece flor, que o vento tirou pra dançar, flor parece a gente, pois somos semente do que ainda virá.”
E o tic-tac volta aos meus ouvidos, me dizendo para ir embora, me trazendo de volta a realidade, que tem parecido mais um pesadelo sem sentido de sonhar, cheio de guerra, trapaça, fome, inveja, dor, morte e palavras ruins como “adeus”... Acordei.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Roteiros Medíocres

  Antes mesmo de nascermos, nossos pais imaginam alguma parcela de nosso futuro: crescer saudável, estudar, entrar numa faculdade, casar, ter um ótimo emprego e construir uma bela família... Quando finalmente nascemos, eles começam a cumprir partes destas parcelas.


  Enfim, quando entramos na escola, vemos mais uma parte de nossa vida ser reduzida novamente em metas: tirar notas boas, passar de ano, no vestibular, ganhar concursos, ser um bom profissional... Quando nos apaixonamos, logo nos vem em mente: conquistar, namorar, casar e construir uma família. E em grande parte nossos “quandos” se amortizam em roteiros pré-planejados que pulam todas as partes que tornam a vida extraordinária. Por que no roteiro da vida escolar não tem contar piadas, irritar a professora, ser amigo dos mesmos e chamá-los de amigos e coisas do tipo? Afinal, não é disso que nos lembraremos ao término?!

 Espero não chegar o dia em que perceberemos que reduzimos a vida a um roteiro medíocre - tamanha frustração seria horrível. O que necessita de "scripts" é cinema, a televisão, música... Mas não a existência, para isso não existe plano que enquadre toda a grandiosidade e nem toda a beleza que há.

Foto: Yvan Rodic.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sentimentos Forasteiros


  Hoje, como de costume, eu acordei e fui ler o jornal sentado na varanda. Assim, como há mais de vinte anos cumpro religiosamente este praxe, Dora logo que acorda corre até a padaria para comprar pão fresquinho. Vejo-a chegar, abrindo o pequeno portão, neste instante me percorre pelo corpo um frio na barriga, igual ao tempo que namorávamos naquele mesmo portão durante a nossa adolescência - a melhor sensação do mundo.

  Lembro-me de quando éramos jovens, qualquer mísero erro ou uma palavra estúpida gerava aquela discussão catastrófica, uma verdadeira hecatombe. Isso significava lágrimas, noites em branco, dores de estômago e similares. Nossas brigas eram cômicas e trágicas. Mas como diz a música " te odeio por quase um segundo e depois te amo mais."  Ambos sabiam que não conseguiriam respirar sem saber que o outro estava bem, nós dois tínhamos a certeza que éramos literal, psicótica e absurdamente apaixonados um pelo outro.

  Digamos, era amor, o mais afetuoso e profundo. Isso se confirmava a cada olhar e em cada briga também.




Por Carolina Arruda.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Oxigênio

Você está num quarto escuro, onde você passa pelas quatro paredes, tateando de cima a baixo,  não encontra porta, muito menos janelas. Possui um relógio em seu pulso, o relógio que calcula o tempo que se escoa do lado de fora, tic-tac.
Na ausência da claridade, você não encontra nada, então se apega a seu tumulto de pensamentos, não à desordem externa, não aos ponteiros do relógio, tic-tac.
Você repara na sua respiração, passa a respirar. Não apenas inspirar e expirar de modo apressado, "pre-ocupado". E o tempo que se esvai já não importa mais, é tudo um sonho.




Por Carolina Arruda.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Encantadoramente,Flicts!

Outro dia, meu priminho veio "Carol, minhas férias estão tediosas".Ele tem 8 anos de idade, mora numa imensa chácara, possui todos os brinquedos do mundo e os mais bonitinhos bichinhos.Mas para ajudar combinei dele vir em casa.
O Nino é o tipo de garotinho prodígio, beeeem espertinho.Já me aproveitando da situação, e para variar querendo entupir o menino de informação, peguei o Flicts do Ziraldo (para quem não sabe: Flicts é digamos que cor-de-burro-quando-foge,ninguém quer usar essa cor.E o Flicts resolve correr o mundo para colorir algo).Esse livro era do meu pai quando criança, cheio de imagens bem coloridas e uma estória bem feita!Resultado: O Nino adorou, quis ler e reler. Tinha certeza, aquele livro era bem mais encantador do que o videogame que ele jogaria quando chegasse em casa.
Acho que posso dizer que o Nino está no ápice, auge da infância... Uma época que o professor de História com um sorriso nostálgico no rosto relembrou “essa é a melhor época da vida, você não se preocupa com nada, se sua roupa ta suja ou limpa, você não se importa com marcas, nada...”.E é verdade, não me lembro de quando era criança ter alguma crise existencial “aaah, eu sou feia, não tenho amigos”, ou nem de me importar se iriam me achar chata e muito menos com todas essas futilidades que eu me preocupo hoje.
Um dia minha mãe me contou que viu, na escola, dois menininhos brigando (era por um carrinho de brinquedo) e era como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo, a “tia” vendo a situação apartou a briga, os dois se perdoaram e em um segundo voltaram a brincar (com o carrinho) sem qualquer ressentimento, se perdoaram de verdade, sabe? Falam que o perdão é só para os fortes, naquele caso os dois “gurizinhos” foram mais fortes que muitos adultos (tudo bem, são apenas crianças, mas a prioridade corresponde com a fase da vida, né?).Adultos que sempre tentam proteger por julgá-los fracos.




Por Carolina Arruda.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

 A garota estava caminhando, com o celular na mão, o qual recebia mensagens o tempo todo, porém ela nem dava muita impotância.Menina que gostava de se procurar.Porquê ela não sabia exatamente o quê era.E estava decidida a saber...
 Resolveu ir a uma livraria, procurar algum livro que traduzisse seus pensamentos, pontos de vistas, devaneios, ilusões.Comprou todos os livros que podiam ser comprados.Mas no final da leitura, nada havia descoberto.
 Então, decidiu ir a fundo, visitou museus, viu filmes, conheceu pessoas, fotografou, viu os mais suntuosos locais, mas ainda, todas as vezes que se via no espelho, a imagem ali refletida só era completa na parte física, sabia que se fosse refletida a parte interior seria uma imagem confusa, mexida (balburdiada?), abstrata, como um download que parou aos 79 % - era incompleta.
 E foi num dia de tempo úmido, com neblina (era o clima que odiava, naquela época) que então ela chegou com um sorrisinho meliante. “Por que será que ele fica ali sozinho?” – enquanto falava coisas sem nexo algum, tentando convencê-lo a participar da criancice, ela reparou nos olhinhos castanhos e quando se enxergou a imagem estava refletida, mas dessa vez por completo!

Por Carolina Arruda.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

 Se procurarem uma conclusão brilhante estão longe de encontrar, mas vamos à ela:

 Somos todos vermes, rastejando por aí.O quêeee? Eu sei, isso doe no seu ego, e no de todos. Mas somos iguaizinhos às pragas que vão destruindo uma flor, destruímos a Terra.





Então,esse blog,o Wilmarx, tem umas foto montagens bem legais,vale a pena.

Por Carolina Arruda.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Cálculos





Que nos considerem frios e calculistas, que talvez não gostem de nós e nos odeiem, que seja!, não precisamos de gentilezas hipócritas, necessitamos de calor humano.

 Junho 2009, hoje.




***


Para os apaixonados:


Sinto sua falta a cada vez que abro meus olhos e não te vejo, meus olhos lacrimejam a cada vez que alguém me abraça e não sinto os seus braços em volta da minha cintura, me sinto sozinha a cada momento que não é você ao meu lado, me sinto sufocar a cada vez que não é seu cheiro, me sinto morrer há cada dia sem você. - Maio de 2009.




Por Carolina Arruda.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sinônimo de dor?

Não durmo,não como,não leio,não me divirto.Não choro.Mas,ainda,tenho paz para poder sorrir (como diz a música "é preciso paz para poder sorrir").
Sofro por amor.Amo.E acredito que sou amada.Mas,sim,eu sofro.Sofro por não saber amar,sofro por precisar amar.
E quem não precisa deste sentimento?Inútil,mas necessário.Inútil,também,tentar entender.
Mas,por que,diabos,amor é sinônimo de dor? - janeiro 2009
_________________________

Bom,apesar de sempre pensar que o Dia dos Namorados é uma data capitalista (afinal,não sei a história,o porquê),e também ver os namoros mais lindos,e os iniciados por desespero por alguém que te diga "eu te amo" ,acabarem percebi que sempre acaba ou por falta de amor,ou por excesso de amor,e no meio tem covardia,bastante(sim,ciúmes é uma covardia).
Aliás tudo no mundo é assim.


E Feliz Dia dos Namorados,que seja com amor.

Por Carolina Arruda.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Dormimos tranquilamente


Hoje eu estava lendo o "meu amigo" Allan Poe e, pois não, pensei (milagre): Nós tentamos controlar os ventos, não o vento em sentido denotativo, mas os ventos do futuro. Nos preocupamos tanto, que dormimos tranquilamente no presente, e continuamos tentando a controlar os ventos, nos esquecendo que todos são incontroláveis.

Dormimos no presente, sonhando, e quando vemos apenas sonhamos intensamente.


O conto que estava lendo era O Mistério de Marie Rogêt (continuação de os crimes da Rua Morgue).


Atual bloqueio criativo para postagens (shit).

Por Carolina Arruda.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Asas mortas

Vagando "nas ruas da internet", ano passado, achei um site de poemas, bem interessante. Tinha um poema que dizia "Somos anjos perdidos. Asas mortas no chão desde a primeira audição da palavra impossível. "
Em um momento olhei bem encantada, com certo brilho nos olhos, concordando. Afinal,quando reconhecemos que é impossível, desistimos. Aí que está o equívoco, somos anjos perdidos a partir do momento que damos valor ao significado da palavra impossível.


Para quem quiser ver o site, aqui está: http://www.fabiorocha.com.br/ind.htm .

Por Carolina Arruda

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mal

Malditas palavras
não ditas,
Maldita vida
vivida.

Aula de português, o exercício era achar palavras dentro de outras palavras (ex : felicidade -> cidade -> idade) e com essas palavras fazer uma poesia, no meu caso: tentativa.

Por Carolina Arruda.

domingo, 10 de maio de 2009

Anjos

Bom, agora ela está dormindo. Lembro-me de quando era criança, quietinha no bercinho como uma boneca de porcelana. Imaginava seu futuro brilhante! Como era uma garotinha esperta, mexia, abria, ligava, aprendia tudo com muita facilidade, também quebrava tudo da mesma forma.
A víamos crescer...e a medida que nossa menina crescia, nossas esperanças, planos e cobranças também seguiam da mesma forma, muitas vezes mais rápidos que ela própria.
Em todos os anos, esperava surda e ansiosa pelo dia das mães, tão silenciosamente que ninguém imaginava minha curiosidade para ver a mãozinha impressa sobre uma cartinha ou uma apresentação da qual ela recitaria um poema.
Hoje em dia, Luana já não tem mais 10...nem 12 anos. É uma moça bonita, alta, cabelos longos e olhos cor de mel, a mais linda que já vi. Agora aproveita seu último ano na escola,bem na correria. A Lu nunca me deu grandes dores de cabeça e as que deu espero que as broncas tenham sido bem passadas. Mas hoje penso, será que já me perdoou por não tê-la deixado ir na formatura de oitava série ou se deveria a deixar mais solta, dona do seu próprio destino mais vezes? Ou então será que deveria ter dormido tranquilamente nas noites em que saiu com os amigos ou realmente tinha razões para me preocupar? Na festa não tinha mesmo nenhuma bebida, era sua amiga e ela que estavam mais animadinhas? Realmente, nunca chegou perto de drogas como diz?
Talvez tenha cometido pequenos erros em sua educação como falar palavrões na sua frente e deixa-la ver Os Normais, ou erros gravíssimos como falar mal de certa etnia, criando um preconceito, trauma e revolta contra descendentes de alemães por pensar que possam ser nazistas. Porém tarde demais. Os erros são incontáveis - espero que o número de acertos seja maior.
Hoje ela dorme em casa, hoje durmo tranquila e profundamente. Amanhã deixo ir para Fortaleza com os amigos e a verei partir com o meu coração na sua mala durante uma semana. E sei que quando chegar em casa, vou abrir a porta do seu quarto e ver que não arrumou a cama e, muito menos, o varreu ou tirou o pó da estante. Descobrirei também a nota vermelha em matemática. E para meu alívio, uma apostila completa.

E até hoje a única certeza que possuo sobre o fato de ser mãe, a única que todas as mães possuem, é o fato de padecer no paraíso.Filhos são anjos, que nos fazem vivas e conhecedoras do medo, angústia e dor, no paraíso, é claro.

Feliz dia das mães!

Por Carolina Arruda.

sábado, 9 de maio de 2009

Bem vindo ao tráfico

O amor é uma droga com efeito alucinógeno,
que cega, sufoca e até mata,
 nunca por overdose.

Meados de 2008, apostila de ciências, 2º bimestre, tema da aula: drogas.


Noites com insônia,aulas tediantes ou momentos inspiradores como uma cadeira, papel e caneta (minto), me fizeram escrever alguns textos, frases ou conclusões.
Todos os textos foram lidos inúmeras vezes, alguns até decorados...Por quem? Apenas eu.
Esses textos ou projetos de textos falam até que de variados assuntos...E são razoavelmente bons.
Estou aproveitando o embalo de alguns blogs muito bons que andei lendo (um até ajudando, o meu preferido), o meu professor de português elogiar um blog,texto (ou algo parecido publicado na internet) que ele achava ser meu, minha amiga que falou para eu fazer e meu namorado ter me incentivado bastante, além de dar o empurrão final para chegar no fim da ladeira!
Aqui neste espaço vocês encontrarão o resultado final. Espero que gostem!






Por Carolina Arruda.